sábado, 27 de junho de 2009

Festa em luto

Imagem: internet

Ainda cheguei a ver quando criança a forma mais tradicional de luto pela morte de um ente querido. Normalmente, as senhoras viúvas usavam durante sete dias vestimentas pretas, na intenção de exteriorizar o sentimento que as dominavam por dentro: a dor da falta. Pela novela das oito, soube que o luto na Índia é representado pelo branco. Em outros países, como no Egito, a tonalidade é a que se assemelha à de uma folha seca; o fim da vida.

Através de cores, atitudes, pensamentos, palavras, o luto pode ser manifestado por diversas formas. No mundo virtual do Orkut, por exemplo, a imagem de uma fita preta ou simplesmente a palavra "luto" expressa bem esse estado de espírito. E no mundo oficial, a bandeira a meio mastro indica que alguém de história relevante morreu.
O telejornalismo tratou de criar a sua própria forma de manifestar luto há algum tempo. Já virou tradição o silêncio que substitui a música tema ao fim do jornal, enquanto os nomes da equipe sobem na tela. Esse silêncio é também uma forma de homenagem pelo que representou a pessoa. Ele não foi utilizado quando da morte do jornalista Tim Lopes, há sete anos, substituído por aplausos dos apresentadores e equipe do Jornal Nacional, à qual Tim fazia parte. E ele também não foi muito usado agora, depois da notícia da morte do Rei do Pop, Michael Jackson. A atual cobertura, por sinal, é singular. Nunca vi tanta música e dança na cobertura de uma morte!Certamente, este é o luto mais festivo já produzido pela mídia que vi. E não tinha como ser diferente... Concorda?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

EDITORIAL

Um show de afrontas a uma categoria decisiva na retomada da democracia no Brasil. É com a indignação devida que recebo a decisão infundada do Supremo Tribunal Federal nesta histórica e já famigerada quarta-feira. Por oito votos a um, os ministros do STF decidiram anular a exigência do diploma para o exercício do Jornalismo, numa luta que se arrastava judicialmente desde 2001.
Foram mais de quatro horas de discussões travadas por quem não tem o menor conhecimento do que seja o Jornalismo. E nem o respeito, diga-se de passagem. Entre as justificativas listadas pelos nobres ministros - com toda a ironia que este espaço me permite -, a principal delas baseava-se no argumento das instituições que protocolaram o recurso no STF: a de que a exigência do diploma tiraria da população o direito básico de manifestar suas opiniões, o que feriria a Constituição de 1988. Um argumento que não se sustenta por si só. Os jornalistas não temos o poder exclusivo de controle sobre a emissão de opiniões de quem quer que seja! E nem o queremos. O relator do processo e presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, disse que o fato de um jornalista ser graduado não implicaria mais qualidade enquanto profissional. O seu pensamento, ministro, permite-me pensar que isso também seja perfeitamente aplicável ao exercício do Direito, pois é a exigência do diploma que sustenta o trabalho de milhares de juristas Brasil à fora.
Pela lógica da nossa Carta Magna, a função de legislar cabe ao Congresso Nacional e aos pares nas demais esferas do Poder Público, e não ao Judiciário. Reversão de papéis, é assim que chamo. Mas, ao contrário dos excelentíssimos ministros do STF, enquanto Jornalistas não possuímos o direito de anular tal decisão. Parece-me que o caráter humano seja tão fundamental para os jornalistas quanto para as demais profissões... Ou será que sou errado ao pensar desta forma?!
Para o exercício do Jornalismo é necessário, sim, bom caráter, domínio da comunicação, da língua portuguesa, mas também dos conhecimentos histórico, ético, filosófico, sociológico, técnico, prático. E é esse o valor cognitivo que se esconde atrás do diploma de qualquer graduado. O que o STF diria se eu quisesse ser um juiz, mesmo sem diploma? Teria eu a devida competência para julgar? Detalhe: na faculdade de Comunicação Social, estudei sobre leis.
A decisão de hoje entristece os jornalistas também pelo fato de uma instituição ligada à categoria ser corresponsável pela ação: o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp). O outro responsável foi o Ministério Público Federal. Depois disto, creio que não seja mais justificável a imprensa falar sobre a morte do movimento estudantil. A desunião da categoria está provocando a morte dela também.
O Jornalismo do diploma obrigatório já provocou vários erros e injustiças, como ocorre em qualquer outro trabalho. Só que muitas das consequências são irreversíveis neste campo. Cito o caso emblemático da Escola Base, no qual a imprensa, em atitude apressada e irresponsável, divulgou haver a prática de abuso sexual por parte dos proprietários e alguns funcionários da escola. Tempo depois, a denúncia não se confirmou. Resultado: uma mancha na reputação dos denunciados que está longe de ser apagada. A decisão do STF de hoje abre espaço para que erros iguais ou maiores do que este se tornem cada vez mais frequentes no Brasil. E isso não é somente um mau presságio. É uma constatação óbvia!
A decisão está tomada e contra ela parece não haver possibilidade de alteração. Os detentores da verdade absoluta assinaram em baixo. Resta-nos agradecer pelo fato de haver nesse deserto de injustiça um grão de sensatez que foi o único voto favorável ao diploma, do ministro Marco Aurélio Mello. Ponto para eles!

terça-feira, 16 de junho de 2009

O cupido estava bêbado!

Imagem: internet


Existem dias em que o melhor a se fazer é não sair de casa. DE-FI-NI-TI-VA-MEN-TE! Não cito nomes nem quaisquer informações que possam identificar os personagens da estória a seguir, que se não fosse realíssima daria um bom enredo de novela das sete. Bem, como a vida imita a arte e vice-versa, ainda poderemos ver coisa parecida no ar...

Último dia dos namorados. Um casal de noivos ganha um jantar romântico depois de ser sorteado numa promoção. O prêmio, convenhamos, vinha a calhar para fugir da rotina de algum tempo do casal... Agora, imaginem o cenário que passo a descrever: no restaurante, eles escolhem uma mesa e sentam-se. Com um vale da promoção em mãos, ele prefere chamar o gerente para esclarecer de que se tratava do vencedor da promoção. Queria também saber se poderiam escolher qualquer prato do cardápio que estava à disposição ou se teriam um especial. O gerente diz que irá trazer um cardápio específico. Sobre a mesa, uma garrafa de champagne. Eles escolhem o prato e conversam. Percebem que não estão recebendo o mesmo tratamento que os demais clientes do restaurante, que eram poucos no dia. Duas horas depois e o pedido chega: salmão quase cru! E o restaurante não era de comida japonesa... Resultado: saem do local com raiva e fome!

Na segunda-feira seguinte chega ele para falar com uma das responsáveis pela promoção. Parecia triste, com ar de choro... Veio para relatar o ocorrido no restaurante, sobre o mau atendimento, e deixa escapar que terminou o noivado. Mas esclarece que o motivo não foi o desastrado jantar. O prêmio pode ter sido a gota d'água apenas...

Só depois é que se pensa, será que não seria melhor seguir com a rotina e trocar presentes? Um cineminha no máximo, sei lá! Ou até nem terem se visto no dia e se falarem por telefone, e-mail... Enviaria flores e um presente para a casa dela e pronto.

Depois de ouvir o relato, inevitável, do cara ao meu lado, um detalhe faltou esclarecimento: saíram sem comer, mas e a garrafa de champanhe que estava sobre a mesa? Não arriscaram nem abrir para beber enquanto esperavam as duas longas horas?! Começo a suspeitar que alguém saiu embriagado naquele dia e não trabalhou direito...

quarta-feira, 3 de junho de 2009