terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Parecia o mar

Não fosse o barulho de um ou outro carro que passava na rua, parecia que estava diante do mar em plena noite. O rumor do vento, a escuridão, o cheiro... Por alguns instantes anulei o espaço em que estava e me transportei para o mar.
Esse lugar sempre exerceu sobre mim forte controle. Quando criança, fazia-me correr às pressas ao seu encontro, vontade que tenho ainda hoje e que parece não cessar. E a atração é facilmente explicável. Pela poesia que possui, o mar me fascina. O passar das águas sob os pés dá a sensação de flutuar, de movimentar-se mesmo estando imóvel. A imensidão evidencia a "insignificância" do ser humano diante da grandeza infinita. O vai e vem das ondas refletem com perfeição as idas e vindas em nossas vidas. Será que a vida também se inspirou no mar? Pois não teria outra melhor. E os excelentes conselhos vindos dele... Espaço ideal para a reflexão profunda e ajuda para escolhas decisivas.
Foram frações de minutos apenas. Abri os olhos. Diante da janela do meu quarto, apenas as luzes da cidade e um silêncio enganador...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Retrospectiva


Discover Caetano Veloso!



Todo final de ano é tempo de repensar. É inevitavel chegar ao fim de um ciclo da vida, sem avaliar a importância de cada momento, um a um. 2008 foi (ainda está sendo e sempre será) um ano especial e de muitas mudanças pra mim.

Na faculdade, chegou ao fim os quatro anos de Jornalismo. Um estágio numa emissora de televisão - veículo que estudo e adoro há tempos - apareceu e não o deixei escapar. Mudança também de cidade, de Alagoa Grande para Campina Grande, sempre com escala na capital, minha nova casa (e onde passei menos tempo do que nas outras...). Ano de mudança na postura de vida. Passei a me divertir mais, sair, dançar, beber (moderadamente, claro). Descobri que o sonho do Jornalismo não pode ocupar todo o meu tempo. A vida é maior que um sonho, embora ele não tenha tamanho pra mim... Conheci muita gente também, aumentei o meu círculo de amizades. Cada história de vida que nem imaginava um dia conhecer de perto. E conheci. 2008 ratificou a certeza de que estou no caminho certo, cada vez mais maduro nas minhas decisões.

É bem verdade que alguns males não me abandonaram neste ano. Mas não permiti que eles atrapalhassem a minha vida. Aprendi até que alguns deles são necessários ao ser humano. Da ansiedade extrema, retirei força de vontade para lutar cada vez mais e não me acomodar apenas esperando. O negativismo esporádico me fez perceber o mal que me causa e que não posso ceder a ele: por incrível que pareça, é justamente ele quem me fez percebê-lo mais. A desconfiaça, quando não excessiva, me permitiu avaliar o chão que pisava e moderar o grau de confiança que deveria depositar nas pessoas ao meu redor. Indignação definitivamente não posso deixar de ter; com a injustiça sobretudo! E de tantas outras coisas, tirei algo positivo. Não dizem que tudo tem o seu lado bom? E então? Confio nisso.

Passei o Natal trabalhando e foi muito proveitoso. Estou agora planejando o meu réveillon. Para o próximo ano, que bate à porta, desejo que tudo de bom se intensifique e que tragam consigo mais coisas boas. E aos "males" desejo o tempo. Ele cura tudo.

À todos, um 2009 de realizações!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Um dia sem fim

Como diria Gilmara (http://www.gildosdias.blogspot.com/), é muito bom sabermos que temos alguma importância na vida de outras pessoas. A turma concluinte de Jornalismo da UEPB, da qual passei a fazer parte por força das circunstâncias, realizou neste sábado (20) o baile de formatura. A minha curta passagem por essa turma, rendeu-me boas promessas de amizades. Fui convidado para a festa por pelo menos três pessoas da turma. E fui, depois de um dia inteiro de trabalho, uma hora numa pizzaria para comemorar o aniversário de um colega que conheci há pouco tempo, uma garrafa de vinho em casa, uma saidinha para levar uma amiga na rodoviária e muitas conversas... bobagem na maioria, mas válidas. Não lembro ter visto um dia que durasse tanto. Muito proveitoso. E olhe que depois da festa, ainda conversei mais e assisti a um pedaço de um filme...
Da rodoviária, fui direto para o local da festa, que fica próximo a minha casa. Os primeiros convidados que encontro são da minha turma da noite. Três amigos sentados no lado de fora do salão a conversar. Do local, tinha quem não desse nada por ele. Estranharam a turma ter o escolhido para a festa de formatura. Quebraram a cara. Local bem decorado, espaço bom, aconchegante,tanto pela disposição das mesas quanto pelas presenças.
Entrei, cumprimentei os formandos, sentei, conversei, comi, bebi e acompanhei o ritual de formatura da turma. Apesar de cada um deles ter um espaço cheio de pessoas queridas da família e amigos, quase nunca paravam nas mesas. Fui à procura de alguns para parabenizar, mas encontrei poucos dos poucos que estavam lá.
O momento da apresentação deles me chamou a atenção. Como as pessoas mudam numa noite especial... Quem era tímido, soltou-se e deixou-se envolver pela emoção do momento. Quem era extrovertido, estava irradiante. Performances as mais diversas ao descer os degraus da escada, edição de música criativa e a expectativa dos convidados.
Daí até o fim, alegria regada a muita dança, num momento que dificilmente se apagará da memória de todos. E o dia terminou. Mas outro está em andamento...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Aula dá saudade*

Texto de Mica Guimarães**

Ao longo de 29 anos de ensino, fui honrado pelo convite de turmas concluintes de Comunicação Social da UEPB para proferir Aulas da Saudade. Na última quarta-feira (03/12), participei de mais uma, oportunidade em que tive o prazer de dizer o que, por restrições acadêmicas, é impossível ao fazê-lo no cotidiano frio de salas insalubres.
Como toda Aula da Saudade, foi uma experiência vibrante. É que a Aula da Saudade tem o poder de tornar todo aluno e todo professor convincente. Na verdade, haverá sempre algo mais do que uma simples aula rotineira de conclusão de curso.
Aula da Saudade tem que ser assim: forte nos conceitos, afirmativa nas conclusões. A Aula da Saudade é o milagre do ensino superior, pois permite que o professor diga, em poucos minutos, o que todos os professores juntos não conseguiram dizer em vários anos de universidade. Nas aulas regulares estabelecidas em currículo, a monotonia torna o aluno apático e distante da realidade. Cumpre horários, por ser forçado a isto, em face do mero rigor disciplinar. Adestrado para desempenhar tal missão, o aluno passa a ser um mero depósito de informações, muitas vezes, totalmente dissociadas de suas aspirações mais íntimas.
Aula da Saudade tem gosto de esperança, porque aponta para o futuro e os seus desafios. Para melhorar ainda mais o nível do nosso ensino, fosse eu o ministro da Educação, determinaria que, a partir de hoje, todas as aulas ordinárias do semestre passassem a ser obrigatoriamente da saudade. O professor, assim, ao prestar concurso para a docência deveria, antes, comprovar a sua competência para ministrar Aulas da Saudade. O aluno, por seu turno, deveria atrstar a sua inclinação natural para as aulas nascidas da alma, através das lições que o espírito impõe. Aluno que quer ser doutor apenas, ter um diploma exposto em parede de sala de estar e um refulgente anel de formatura à mostra entre os dedos, seria, de pronto, inexoravelmente eliminado. Se quiser somente ser conhecedor de técnicas frias, sem o calor das excogitações humanas, fora!
Educação é para homens. Aula da Saudade, para homens a serviço do Homem. Aula dá Saudade. Mormente quando os professores, conscientes da missão árdua e bela, permitem aos alunos, em rápidos minutos, a visão cristalina do futuro, como arautos incansáveis do que inevitavelmente haverá de vir.
*Texto publicado na página de opinião do Jornal da Paraíba, em 5 de dezembro de 2008.
**Mica Guimarães é jornalista e professor da Faculdade de Comunicação Social da UEPB.

domingo, 7 de dezembro de 2008

"...acabou, boa sorte!"


Discover Vanessa da Mata!

Não poderia haver letra mais significante para este texto que começo a escrever e coerente com o que sinto agora, que tudo passou. Os quatro anos de risadas, discussões, aprendizado, tristeza, cansaço, esperança, sonhos, amizade, são agora memória. E um dos medos que tenho é justamente o de perdê-la. A memória é vazia do sentimento de realidade, sobretudo quando se tratam de momentos tão memoráveis, porque inesquecíveis. Cada vez mais vou compará-la a um sonho como tantos que tenho. O bom é que na memória, o tempo não vai passar para nós. Seremos os mesmos que freqüentavam aquela faculdade à noite por vários objetivos: um abraço, um beijo, uma conversa, um sorriso, uma companhia, um conhecimento, uma amizade, uma rodada de UNO ou apenas para sair de casa, disparecer.
A cada fotografia que vejo desses últimos dias da nossa turma, um pouco da realidade se perde. "A ficha ainda não caiu", foi o comentário-desabafo que encontrei de Baiano em uma delas. E realmente concordo. A realidade que vou sentir tanta falta quando relembrar todos esses momentos é a mesma da qual fugi quando não participei do baile de formatura. Se perguntarem se estou arrependido de não ter participado como formando, direi que não. Pensei muito antes de tomar tais decisões: a de não participar como membro da festa e a de não ter ido ao baile como convidado. Conheço a minha personalidade perfeitamente. Só pelas imagens retratadas sinto angústia. Participar desse dia seria mais um momento inesquecível que perderia a realidade nos dias imediatamente seguintes. Do primeiro dia, não sentirei tanta falta, afinal ainda viria centenas pela frente. Mas do último, certamente. A última sensação é a que fica para sempre. E dela quero guardar tudo de bom, eternizá-la.
Guardei vocês na memória, como um sonho bom que quero ver repetido a todo instante. Mas, como não confio nela - e por segurança - fiz um backup no coração também. E daqui vocês não saem, nem se apagam os melhores momentos e sentimentos dos quatro anos da turma "Imprensa que é Gostoso!".
"É so isso. Não tem mais jeito. Acabou. Boa sorte!"

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cadê a solidariedade?

A proximidade do natal traz consigo uma sensação de paz, comunhão, irmandade e de tantos outros sentimentos louváveis. A humanidade, enquanto sentimento, nos toma de sobressalto. De repente nos tornamos mais compreensivos, bondosos, amigos, cúmplices... Tanto que virou automático. Que pena! Esta época do ano tem tudo para nos fazer reletir sobre a vida e a nossa relação com o mundo em volta e gerar mudança interna que teria grandes chances de ser externada através de gestos, palavras, olhares sinceros.
O homem mudou algo divino. É a impressão que tenho. O consumismo vazio e a falsidade ocuparam o espaço que deveria ser da reflexão e mudança; renovação. O desejo verdadeiro do bem ao próximo foi substituído por frases de conteúdo e sonoridade publicitárias como "Feliz Natal!" ou "Boas Festas!". Mais uma vez, que pena!
Hoje, uma situação me fez pensar nisso. No ponto de ônibus, fui abordado por um jovem que me entregou um pedaço de papel com algumas frases em letras miúdas. As circunstâncias em que aquilo aconteceu foi tão clara nem precisei ler para saber o conteúdo. O mesmo texto usado por várias pessoas para pedir dinheiro como ajuda. Parece que produzem aquilo em escala industrial para atingir as massas... Bem, por medo de uma possível represália, entreguei-o uma moeda. Esperei um obrigado que não veio. Foi justamente esse ato que me levou à reflexão. Não o de não ter recebido a palavra de agradecimento, mas pelo que me motivou a fazer a doação. Tinha o melhor motivo do mundo para ajudar aquele jovem de alguma forma e no entanto foi o medo quem me guiou. Quantas pessoas não sentem isso? Até a atitude de ajudar foi desvirtuada na sociedade de hoje. Doa-se mais por medo do que pela SO-LI-DA-RI-E-DA-DE.
Quem souber onde se escondeu (ou esconderam) esse sentimento tão nobre, a solidariedade, me avisem, pois estou à procura dela.