terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Coisas de carnaval



Na calmaria das ruas durante o feriado de carnaval, parecia eu ser o único a ter pressa. A impressão que tive era a de que a cidade, pessoas, carros, tudo estava em slow motion enquanto eu quase corria. Comparei Campina Grande, cidade de porte médio no interior da Paraíba com pouco mais de 370 mil habitantes, a uma típica cidadezinha do interior. E o cenário não me deixava pensar diferente: ruas vazias do barulho de veículos, poucas pessoas, um casal de idosos sentados na porta de uma loja a conversar... Acredita que até o cantar dos pássaros deu para ouvir?! E tudo isso no centro da cidade! O vento, a claridade, o ar que se passava muito bem por puro...
Coisas de carnaval.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Verbo

"Qual será o verbo da vez?", questionava ela na frase do msn.
Mas já sabia qual era. Ou melhor, quais eram.
E que nada havia mudado que justificasse tal pergunta.
Tentar, sofrer, desistir, lutar, amar, eram alguns deles.
E a oposição reflete quão confusa está a sua cabeça.
Ela errou jurando ter sido incentivada por um erro dele.
Erraram os dois!
E quem perdeu no fim das contas foi o sentimento que tinham.
Agora ela tenta voltar e não consegue.
É o preço que se paga por um erro.
Perde-se, chora, sofre, dói.
Mas nem tudo acabou. Sempre há outra chance.
Nem que eles mesmos a construam.
E só depende dos dois.
Ainda há um fio que os prende um ao outro.
Embora esteja fragilíssimo.
O verbo de agora é continuar...
... A tentar, a sofrer, a desistir, a lutar, a amar.
E o tempo se encarrega de definir o tempo desses verbos.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O presente da gratidão


Somente por ter ouvido aquele "obrigado" ganhei o dia. Mas não sabia que horas depois, aquela simples palavra ganharia uma sobrecarga de sentido e sentimento ainda maior. Fico admirado com a coesão dos acontecimentos de um dia! Depois de ter saído daquela lanchonete, num parque perto de casa, em pleno domingo à noite, volto para casa com a sonoridade do "obrigado" se repetindo nos meus ouvidos como um agradável eco.

Havíamos combinado assistir a um filme que se vendeu bem apenas pela capa. "É sobre exemplo de vida, alguma coisa assim...", disse alguém. O filme tinha como título "Presente" e contava a história de um jovem rico que não conhecia muitos dos principais valores da vida. E só os conheceu através de um desafio proposto pelo avô bilionário, já falecido, de ele mesmo correr atrás da sua parte na herança. Passo a passo, ele percebeu que o "presente" que tanto procurava não possuía valor material. Ele se transformou. E, no final das contas, a grande fortuna que recebeu possuía outro sentido para ele.

Na série de presentes que ele conheceu e conquistou, estava a gratidão. Foi inevitável não associar aquele trecho do filme ao sincero "obrigado" que recebi naquela noite de domingo. Creio que compartilhei parte daquele presente com o personagem do filme. E aprendi muito!

A cena real foi a seguinte: duas amigas e eu resolvemos ir a uma lanchonete para comer alguma coisa. Enquanto uma pediu um hambúrguer, pedimos para dividir uma macaxeira recheada com frango, que não conseguimos comer sequer a metade. Entre a conversa, vejo que um garoto se aproxima da nossa mesa. Paro de conversar e olho para ele. Não devia ter mais de dez anos. Veio perguntar se poderíamos dividir um pouco do que comíamos com ele. Já enjoados da comida, resolvemos entregá-lo o que não conseguimos comer. E não era o resto. Estava à parte, num recipiente. Vi que ele fora para debaixo de uma árvore do parque e, como no milagre a multiplicação (da solidariedade; partilha), dividira aquela comida com outras duas crianças. Posso estar enganado com o número delas, pois o meu foco estava com aquele garoto.

Foi já na saída da lanchonete, que ouço aquele "Ei! Ei!". Olho para a direção de onde vinha o som e vejo que sai da boca do moleque: "Obrigado, viu..". "De nada" é o que respondo. Nem o "obrigado" do menino, nem o meu "de nada" possuiam o sentido comum para mim. Soaram como um presente.

Meu sincero "muito obrigado" por compartilharem desse aprendizado comigo, através da leitura!

Amigos

Em torno da mesa, seis amigos conversavam sobre tudo. Até que faltaram os assuntos e as opções postas, duas, sugeriam assistir a filmes - presos num quarto - ou sair até um parque não longe de casa à noite para respirar um pouco, beber um pouco e retomar a conversa mais um pouco de tempo. Resolveram sair, depois de muito tempo indecisos sobre qual programa fariam naquele início de fim de noite do sábado. E o tempo a passar...
Uma volta ao redor do parque e a conversa logo resurge. Cheiro de rua, vento no rosto, passos lentos, algumas paradas. Num barzinho ao ar livre, juntam duas mesas e sentam-se. Todo mundo come e bebe algo. E conversam... e observam o movimento... e ouvem o misto de músicas comum no local em pleno fim de semana. Há quem consiga filtrar apenas a que mais lhe agrada. "Eu estou ouvindo a do 'Banana Beer'", disse uma. O bar citado fica do outro lado da rua e perto dele uma pizzaria também apresentava múscia ao vivo aos clientes. Pegaram carona, sem pagar couver artístico.
Nas mesas ao lado, uma dupla de amigos num lanche fast e um casal que se paquerava enquanto comia e bebia. No chão, dois gatos dormiam, passeavam e também comiam e bebiam. Afinal, leite e ração estavam dispostos e bem ao alcance deles... Era de intrigar a convivência dos felinos com aquele movimento e barulho todo. Coisa de animais da cidade grande (falo tambem do barulho!). Cerca de duas horas foram o bastante para distrair um pouco. Voltamos para casa.
Relato de parte de uma noite de sábado.