Testar limites, correr riscos, ultrapassar fronteiras, buscar adrenalina. Podem ser esses ou outros os motivos que levam aquela pessoa a atravessar de moto um canal por cima de um caminho estreito. Também eles podem justificar a atitude daquele jovem que transpassava o mesmo local a pé, equilibrando-se numa tubulação de ferro. Meus olhos eram guiados a todo instante pelo espanto de duas garotas do banco de trás. E, em pouco tempo, me vi analisando as cenas à procura de uma resposta lógica para atitudes um tanto loucas.
Que justificativa nos damos por entrar num jogo perigoso, por sentir vontade de viajar com um destino geográfico bem definido e sem um racional, por se prolongar numa conversa às cegas? Está no sangue humano a vontade de fazer loucura. Afinal, vivemos num mundo tão cheio de regras que elas mesmas acabam por nos "aconselhar" pela transgressão. Pular de uma ponte alta num rio, roubar fruta da casa da vizinha, tocar a campainha de uma casa e correr depois transformaram-se em atos de alívio para situações ou momentos incômodos. Ou ainda simplesmente para preencher uma vontade incontrolável. As loucuras não precisam ser justificáveis. Pois se fossem, cairiam em contradição.
Fitei bem o rosto do moleque equilibrista e vi a alegria estampada lá. O riso vinha de dentro; não era igual ao que damos após uma piada. Se pudesse descrever aquele sentimento, seria algo parecido a quando se realiza um sonho, ouve-se uma excelente notícia, escapa-se de uma fria, consegue-se entender o por quê daquela ansiedade que te corroeu por dentro durante todo o dia.
Certamente que as "recompensas" não viriam se, por fatalidade, ambos caíssem nas águas pra lá de poluídas daquele canal. Mas se o risco não existisse, não seria loucura! E se não fosse loucura, não teria estimulado a narração tão enfática das duas vizinhas de ônibus. No final das contas, todos nos vimos naquela mesma situação e, óbvio, recompensados pela "tarefa" bem cumprida.
Fitei bem o rosto do moleque equilibrista e vi a alegria estampada lá. O riso vinha de dentro; não era igual ao que damos após uma piada. Se pudesse descrever aquele sentimento, seria algo parecido a quando se realiza um sonho, ouve-se uma excelente notícia, escapa-se de uma fria, consegue-se entender o por quê daquela ansiedade que te corroeu por dentro durante todo o dia.
Certamente que as "recompensas" não viriam se, por fatalidade, ambos caíssem nas águas pra lá de poluídas daquele canal. Mas se o risco não existisse, não seria loucura! E se não fosse loucura, não teria estimulado a narração tão enfática das duas vizinhas de ônibus. No final das contas, todos nos vimos naquela mesma situação e, óbvio, recompensados pela "tarefa" bem cumprida.