domingo, 15 de fevereiro de 2009

O presente da gratidão



Somente por ter ouvido aquele "obrigado" ganhei o dia. Mas não sabia que horas depois, aquela simples palavra ganharia uma sobrecarga de sentido e sentimento ainda maior. Fico admirado com a coesão dos acontecimentos de um dia! Depois de ter saído daquela lanchonete, num parque perto de casa, em pleno domingo à noite, volto para casa com a sonoridade do "obrigado" se repetindo nos meus ouvidos como um agradável eco.

Havíamos combinado assistir a um filme que se vendeu bem apenas pela capa. "É sobre exemplo de vida, alguma coisa assim...", disse alguém. O filme tinha como título "Presente" e contava a história de um jovem rico que não conhecia muitos dos principais valores da vida. E só os conheceu através de um desafio proposto pelo avô bilionário, já falecido, de ele mesmo correr atrás da sua parte na herança. Passo a passo, ele percebeu que o "presente" que tanto procurava não possuía valor material. Ele se transformou. E, no final das contas, a grande fortuna que recebeu possuía outro sentido para ele.

Na série de presentes que ele conheceu e conquistou, estava a gratidão. Foi inevitável não associar aquele trecho do filme ao sincero "obrigado" que recebi naquela noite de domingo. Creio que compartilhei parte daquele presente com o personagem do filme. E aprendi muito!

A cena real foi a seguinte: duas amigas e eu resolvemos ir a uma lanchonete para comer alguma coisa. Enquanto uma pediu um hambúrguer, pedimos para dividir uma macaxeira recheada com frango, que não conseguimos comer sequer a metade. Entre a conversa, vejo que um garoto se aproxima da nossa mesa. Paro de conversar e olho para ele. Não devia ter mais de dez anos. Veio perguntar se poderíamos dividir um pouco do que comíamos com ele. Já enjoados da comida, resolvemos entregá-lo o que não conseguimos comer. E não era o resto. Estava à parte, num recipiente. Vi que ele fora para debaixo de uma árvore do parque e, como no milagre a multiplicação (da solidariedade; partilha), dividira aquela comida com outras duas crianças. Posso estar enganado com o número delas, pois o meu foco estava com aquele garoto.

Foi já na saída da lanchonete, que ouço aquele "Ei! Ei!". Olho para a direção de onde vinha o som e vejo que sai da boca do moleque: "Obrigado, viu..". "De nada" é o que respondo. Nem o "obrigado" do menino, nem o meu "de nada" possuiam o sentido comum para mim. Soaram como um presente.

Meu sincero "muito obrigado" por compartilharem desse aprendizado comigo, através da leitura!

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