quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A culpa é da "falta de inspiração"!

O mal da "falta de inspiração" tem me incomodado ultimamente. Estou na fase de andar nas ruas com os olhos arregalados à caça de uma boa estória para contar no blog. E encontro muitas (a maioria no ônibus...). Se procuram um ambiente rico em estórias boas, o ônibus é o local onde se escondem. Encontro tantas que tento evitar de abordá-las no blog. Ou então crio um só para o assunto. Qual seria o título? Ônibus? Em movimento? Na poltrona? De passagem? Sei lá... São estórias do tipo: a falta de respeito com os idosos, o mal-humor dos motoristas, a demora, a paisagem que se vê pela janela, enfim várias. E ainda ouso pôr a culpa na falta de inspiração! "A falta de inspiração já é um tema de post", disse uma amiga. Entendi e cá estou.
Acho que é mais preguiça de pensar do que outra coisa. Inspiração tenho sim, e muita! Há dias que quero fazer um texto sobre uma senhora que vejo todo dia na porta da casa dela olhando a rua pela janelinha. Penso começar o texto assim: "O que procura aquela senhora que aparenta uns oitenta anos a observar a rua através da grade da porta?" Aí paro. Mas o que sei mais dela? Só que observa a rua. E? NADA mais! Não sei se mora sozinha, se tem filhos, se é saudável mentalmente, se pode sair de casa... Mas não sei. Talvez seja mais uma refém da violência e tem medo de sair de trás da grade que a protege. Ou não. Talvez sofra de algum problema mental e não tem consciência do que faz. Ou ainda tem a liberdade cerceada pela proteção excessiva da família ou seja alvo de maus tratos. Ou finalmente não seja nada disso e o louco da conversa seja eu mesmo. São muitos "tavez". Só especulações.
Tenho muitas cartas na manga, mas não as uso. São impressões sobre cenas que vejo no meu dia-a-dia e que rendem excelentes estórias. Basta recortá-las do cotidiano e decodificar em forma de palavras. Só. Isso já foi muita coisa para mim, que não cultivei antes "esse adorável vício de escrever". Hoje não é mais.
Estou com preguiça de pensar, de escrever, de apreender o que a minha capacidade de observação joga na minha cara, de organizar o tempo... Mas lembre-se, aos interessados, a culpa toda é da falta de inspiração!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Bastidores da história

"A gente está acompanhando um momento histórico, cara!", disse o meu chefe, Leonardo Alves, na noite da útima quinta-feira. Estávamos ele, eu, Mary e Denise na redação da TV Paraíba. Até aquele momento não havia parado para pensar sobre o assunto. Pelo rádio, acompanhávamos a sessão do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, que julgou o recurso protocolado pelo governador da Paraíba que pedia o cancelamento da cassação do mandato dele. Àquela altura, já podíamos perceber a tendência do voto dos ministros do TSE, favorável à cassação. A tendência foi confirmada minutos depois.
De fato, vivíamos jornalisticamente um momento histórico para o Estado. Pela primeira vez um governador teve o mandato cassado e o candidato que ficou em segundo lugar nas últimas eleições com grandes chances de assumir o cargo.
Ouvimos fogos pipocar ao longe. Pelo msn, amigos nos informavam sobre alguma movimentação comemorativa em algum ponto do Estado. Na redação, os telefones ensairam o início de um festival de ligações. Só ensairam... Dos colegas da TV Cabo Branco, em João Pessoa, soube da correria deles para encontrar Cássio Cunha Lima (cassado) e o senador José Maranhão (governador do Estado dentro de alguns dias) para repercutir a decisão do TSE.
As opiniões que ouvi foram as mais variadas, desde a indiganação de alguns, passando pelo sentimento de Justiça de poucos até chegar nas palavras de alegrias de outros tantos. Realmente a Paraíba trata a política como jogo onde torcidas rivais alternam vitórias. Falta consciência política a esse povo. Se soubessem o quanto a política é complexa e enxergassem a diferença que faz decidir pensando com a razão, não seriam assim. Não explico o que é a política porque também não sei. E por não conhecê-la profundamente, decido mais com a razão (ainda que a minha razão seja enganada) e evito penetrar nesse ambiente de torcida (des) organizada. Acho uma atitude correta para quem pretende fazer um Jornalismo cidadão competente.
A troca de comando deve se dar dentro de alguns dias, tão logo a decisão seja publicada no Diário Oficial. Na dança das cadeiras, tomara que o cidadão comum não seja o único a ficar sem lugar.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lembram do primeiro dia?



Discover McFly!


Tirei um dia para relembrar momentos inesquecíveis destes quatro anos de faculdade. No computador, abri uma pasta com as fotos registradas em instantes distintos da nossa turma e mergulhei numa viagem ao passado distante. Num mundo onde tudo acontece com uma rapidez assustadora, um dia já pode ser considerado como passado distante... É a tal relatividade do tempo.

Foram elas que me fizeram lembrar do início de tudo, do primeiro dia. Na mesma semana em que soube do resultado do vestibular, tive acesso à lista com os nomes dos futuros colegas de turma. Confesso ter tentado identificar alguma característica pelo nome escrito no papel. Mania de quem gosta de conhecer o solo em que pisa... Mas mesmo sem conseguir identificar nenhuma, simpatizei com aquela turma da qual já fazia parte antes mesmo de conhecê-la.
Do primeiro dia de aula, guardo algumas cenas na memória. Por exemplo, da primeira pessoa com a qual conversei. Ariane estava na porta da sala que fica em frente à cantina, quando cheguei e a interroguei:

− É aqui a sala do primeiro ano?

− É sim, respondeu.

− Clébio, prazer.

− Ariane.

Ficamos calados no mesmo local. Foi ela a pessoa da turma que vi no primeiro dia de aula. Mas antes, no dia da matrícula, já havia trocado algumas poucas palavras com Demósthenes, Andreza, Mércia e Isabelle.

A primeira professora a conhecermos, Magliana, de língua portuguesa, nos chama para o interior da sala. Como bom observador, fito alguns colegas. Todo mundo calado, cismado. Vejo Taynana sentada atrás da minha cadeira, e Gilberto à minha frente. As expressões fortes do rosto de Taynana, confesso, não me agradaram. Cá comigo, pensei: “Vou ter problemas com ela”. Que bom me enganei. Ela foi uma impressão errada que tive. Hoje a considero uma das pessoas que mais gosto na turma. E de Gilberto, não preciso falar. Quem o conhece sabe que é o mesmo daquele dia de março de 2005.

Magliana conversa um pouco sobre o que é faculdade, nos dá as boas-vindas e autoriza algumas pessoas do Centro Acadêmico a entrar na sala para o famoso trote. Foi bem previsível. Balas jogadas sobre nós para representar algo doce que eles diziam querer nos passar no primeiro dia de faculdade. Sabia o que iria acontecer desde quando alguns deles começaram a discursar. Aliás, o CA continua bem previsível até hoje... Bem, depois da “aula” nos apresentamos, nomes e cidades. Gente de todo canto, idade, personalidade, sonhos, enfim, gente!

Acho que disse algumas vezes que não tenho boa memória fotográfica e nem para guardar nomes. Provo. No fim da noite, fui para a frente da faculdade para aguardar o ônibus de volta. Denise está lá também na espera do transporte. Ela me aborda:

− Você é da minha turma, não é?

− Sou???
− Eu estava sentada no outro lado da sala e te vi de lá.
− Ah, você é a menina de Cuité, né?
− Não, sou de Taquaritinga do Norte, Pernambuco.
− Ah..., desculpa. É que não deu para conhecer e lembrar todo mundo ainda, justifiquei meio sem graça.

Conversamos um bom tempo até um ir embora. Foi tempo suficiente para conhecer o sonho dela que, por sinal, é o mesmo meu. Daí a afinidade que temos. Não lembro se foi nesse dia, mas prometemos extra-oficialmente em tom de brincadeira (mas com um fundo de verdade) que dividiríamos a apresentação numa bancada de um telejornal da Globo. O compromisso ainda está de pé, Denise, e o destino parece que está ajudando...

Fui para casa. No caminho, a sensação de querer voltar o mais rápido possível. Esta sensação representa bem o sentimento que quero cultivar sempre: o da ansiedade em reencontrá-los.

À Andréia, Denise, Gilberto, Andreza, Manassés, Neto, Morgana, Baiano, Cris, Walkênio, Tássita, Thiago, Gitana, Marçal, Ianna, Gérson, Manú, Marcos, Nadja, Bruno, Kaline, Felipe, Luís Auriclelson, Belinha, Demósthenes, Táyra, Fabrício, Yhamíriam, Taynana, Gilvânia, Dani, Léo, Avlairan, Renata, Aluska e aos que passaram por esta turma em qualquer época,

PRAZER EM CONHECÊ-LOS!
Como diria Tayra: "Essa turma é minha vida!"

domingo, 9 de novembro de 2008

Nostalgia

O assunto mais presente na minha manhã de hoje foi vestibular. Neste domingo, cerca de 26 mil e 500 pessoas começaram a intensa jornada de provas para tentar uma das 4 mil vagas na Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. As provas estão sendo realizadas em seis cidades do interior da Paraíba.
Cheguei ao ponto do ônibus faltando quinze minutos para ir ao trabalho na redação. Coisas de plantão... Lá, vários jovens também esperavam o coletivo que os levariam a um dos muitos locais de prova. Dentro do ônibus, vestibular. Quando passei por um colégio estadual, mais vestibular. Várias pessoas amontoadas em frente ao portão. Algumas ainda com cadernos nas mãos a revisar o que ainda não estava seguro na cabeça. Já na TV, durante uma das ligações que faço para órgãos públicos (delegacias, hospitais, presídios, etc.), qual o assunto que ouço? Mais vestibular... Da delegacia de Cajazeiras, no alto sertão do estado, ouço: "Aqui está tudo calmo. O povo foi dormir cedo para o vestibular...", constatou.
O que aqueles jovens procuram através do vestibular? Certamente muitos deles lá estão à procura de um sonho. Tiro isso por mim... Mas, certamente também, muitos deles estão à caça de status social, fama, dinheiro, vaidades vazias. Nesses quase quatro anos de faculdade já ouvi de tudo. Gente que estava alí só para conseguir um diploma de nível superior e pronto. Será que eles acham mesmo que aquele diploma os torna superiores aos outros? Se a resposta for sim, pobres... Não sabem o prazer que sentimos a cada passo que damos no caminho de um sonho.
O clima misto de esperança e ansiedade que senti no interior do ônibus enquanto observava pela janela aqueles sonhadores - prefiro tratá-los assim - me fez sentir um pouco daqueles sentimentos. Parecia que eu também estava a caminho do vestibular. Confesso, senti vontade de fazer as provas de novo. Deixou-me feliz o fato de não ser o único a embarcar na nostalgia. Uma repórter que foi cobrir a manhã de provas também disse o mesmo.
Boa sorte aos candidatos à conquista de um sonho. O caminho é longo e, às vezes, não tão fácil. Mas bom é vencer os obstáculos e seguir em frente. A cada passo, uma vitória.

Sobre a opinião na imprensa

Função difícil essa a do Jornalismo: a de formar opinião. Mas que precisa ser cumprida. Formar opinião significa, ao meu ver, dar todas as condições para que as pessoas possam desenvolver uma visão mais crítica acerca do mundo. Não essa à qual vemos, cuja razão de existência está atrelada à manutenção de interesses pessoais e mercadológicos. O Jornalismo, sobretudo o de tevê, está a cada dia fugindo um pouco mais dessa responsabilidade.
Não faz muito tempo que o principal telejornal do Brasil - o Jornal Nacional - retirou do seu conteúdo a participação mais que especial dos comentaristas Arnaldo Jabor e Franklin Martins e a charge inteligente de Chico Caruso. Jabor expunha a pertinente crítica através de comentários divulgados normalmente às sextas-feiras. Flanklin, às quintas, com uma coluna política. E Caruso, com as charges animadas aos sábados. De carona na onda do JN, seguiram outros telejornais das mais diversas emissoras. A Globo retirou da principal fonte de informação do país a opinião. Como justificativa, disse querer manter o caráter "eminentemente informativo" do Jornal Nacional.
Quero assistir na televisão comentários que me ajudem a formar opinião. E opinião que me ajude de alguma forma a desenvolver minha humanidade e cidadania. Não quero ver e ouvir comentários de vento como o famoso "Isto é uma vergonha!", engessada na voz de Bóris Casoy. Ou os que Carlos Nascimento anda fazendo lá no SBT Brasil. Ele tem conteúdo para fazer inúmeras vezes mais do que aquilo.
A Globo mantém ainda em seus quadros o comentarista Arnaldo Jabor, que participa quase que diariamente do Jornal da Globo (por sinal, um dos melhores da tevê brasileira. O Bom Dia Brasil é outro rico em opinião). Chico Caruso possui um quadro fixo no Fantástico, revista eletrônica dos domingos. Já Franklim Martins saiu da emissora para se tornar o responsável pela comunicação - ou ausência dela - do Governo Lula.
Sem Jabor, Martins e Caruso no principal telejornal do Brasil, resta-nos a opinião expressa raramente nos editoriais lidos por William Bonner, editor-chefe, e a expressão facial que o mesmo faz ao término de uma reportagem impactante; às vezes mais completa de opinião do que um comentário...
Abaixo, está um belo exemplo de como a opinião deve ser exposta:
Fonte: Youtube

sábado, 8 de novembro de 2008

Constatações

Descobri que gosto do frio. Ele me incomoda de vez em quando, mas o calor excessivo comum ao nordeste não tem comparação: às vezes chega a ser insuportável. Gosto da chuva. Ela é carregada de emoção. Tem o poder de mudar o meu estado de espírito quando cai. Traz introspecção e me faz refletir. Penso melhor quando chove. Logo, coloco para tocar aquelas músicas internacionais mais leves, que eu jurava que eram românticas até o dia que escutei de alguém que a tradução de uma delas com melodia romântica falava sobre comida (?!). Surpresas do inglês e erro de leitura de quem não entende quase nada do idioma. Desde lá, sempre procuro a tradução, mas insisto em me agradar à primeira vista pela melodia do que pelo conteúdo da letra.
Mas a chuva não veio mais. E nem o frio. Agora, só calor dia e noite (quero deixar claro que o calor me agrada em certas circunstâncias!). Aquela névoa da noite e início da manhã, que via e sentia lá no brejo hoje não vejo nem sinto mais. Fiquei feliz ao vê-la de volta em Campina Grande, mas bastou pouco tempo na cidade para perceber que tudo muda muito rápido. O que estamos fazendo com a nossa casa (Terra)? O que antes demorava para mudar, hoje acontece num piscar de olhos, li-te-ral-men-te. As pessoas não caminham mais. Correm! Não se conversa com calma, manda-se recados por telefone ou meio parecido e pronto. Perder tempo para quê? "O tempo não pára", disse Cazuza.
No movimento constante do tempo, muda-se de costumes. Quem ainda não percebeu que a distância entre as pessoas se alongou mais? E não falo da distância física, geográfica. A gente vê isso com os nossos vizinhos, não precisa ir muito longe. A frieza que envolve as pessoas hoje em dia não é a mesma da qual sinto falta. Acho que as pessoas deveriam aproveitar mais os poucos instantes de reflexão que a chuva e o frio proporcionam para mais uma vez mudar de postura com relação a muitas coisas. Do contrário, seremos a ironia de pessoas frias em ambiente quente. Estamos indo na contra-mão do planeta: enquanto este esquenta (temperatura), nos tornamos cada vez mais frios (relações humanas). De fato, uma ironia.