sábado, 8 de novembro de 2008

Constatações


Descobri que gosto do frio. Ele me incomoda de vez em quando, mas o calor excessivo comum ao nordeste não tem comparação: às vezes chega a ser insuportável. Gosto da chuva. Ela é carregada de emoção. Tem o poder de mudar o meu estado de espírito quando cai. Traz introspecção e me faz refletir. Penso melhor quando chove. Logo, coloco para tocar aquelas músicas internacionais mais leves, que eu jurava que eram românticas até o dia que escutei de alguém que a tradução de uma delas com melodia romântica falava sobre comida (?!). Surpresas do inglês e erro de leitura de quem não entende quase nada do idioma. Desde lá, sempre procuro a tradução, mas insisto em me agradar à primeira vista pela melodia do que pelo conteúdo da letra.
Mas a chuva não veio mais. E nem o frio. Agora, só calor dia e noite (quero deixar claro que o calor me agrada em certas circunstâncias!). Aquela névoa da noite e início da manhã, que via e sentia lá no brejo hoje não vejo nem sinto mais. Fiquei feliz ao vê-la de volta em Campina Grande, mas bastou pouco tempo na cidade para perceber que tudo muda muito rápido. O que estamos fazendo com a nossa casa (Terra)? O que antes demorava para mudar, hoje acontece num piscar de olhos, li-te-ral-men-te. As pessoas não caminham mais. Correm! Não se conversa com calma, manda-se recados por telefone ou meio parecido e pronto. Perder tempo para quê? "O tempo não pára", disse Cazuza.
No movimento constante do tempo, muda-se de costumes. Quem ainda não percebeu que a distância entre as pessoas se alongou mais? E não falo da distância física, geográfica. A gente vê isso com os nossos vizinhos, não precisa ir muito longe. A frieza que envolve as pessoas hoje em dia não é a mesma da qual sinto falta. Acho que as pessoas deveriam aproveitar mais os poucos instantes de reflexão que a chuva e o frio proporcionam para mais uma vez mudar de postura com relação a muitas coisas. Do contrário, seremos a ironia de pessoas frias em ambiente quente. Estamos indo na contra-mão do planeta: enquanto este esquenta (temperatura), nos tornamos cada vez mais frios (relações humanas). De fato, uma ironia.

Um comentário:

Gil de todos os dias disse...

Quando a gente anda muito em círculos fica tonto. Parece que as coisas não estão do jeito que eram pra estar. Mas, lembre-se: um círculo é um círculo. Não tem pra onde correr. (espero que vc entenda o que eu tô falando!!)