A proximidade do natal traz consigo uma sensação de paz, comunhão, irmandade e de tantos outros sentimentos louváveis. A humanidade, enquanto sentimento, nos toma de sobressalto. De repente nos tornamos mais compreensivos, bondosos, amigos, cúmplices... Tanto que virou automático. Que pena! Esta época do ano tem tudo para nos fazer reletir sobre a vida e a nossa relação com o mundo em volta e gerar mudança interna que teria grandes chances de ser externada através de gestos, palavras, olhares sinceros.
O homem mudou algo divino. É a impressão que tenho. O consumismo vazio e a falsidade ocuparam o espaço que deveria ser da reflexão e mudança; renovação. O desejo verdadeiro do bem ao próximo foi substituído por frases de conteúdo e sonoridade publicitárias como "Feliz Natal!" ou "Boas Festas!". Mais uma vez, que pena!
Hoje, uma situação me fez pensar nisso. No ponto de ônibus, fui abordado por um jovem que me entregou um pedaço de papel com algumas frases em letras miúdas. As circunstâncias em que aquilo aconteceu foi tão clara nem precisei ler para saber o conteúdo. O mesmo texto usado por várias pessoas para pedir dinheiro como ajuda. Parece que produzem aquilo em escala industrial para atingir as massas... Bem, por medo de uma possível represália, entreguei-o uma moeda. Esperei um obrigado que não veio. Foi justamente esse ato que me levou à reflexão. Não o de não ter recebido a palavra de agradecimento, mas pelo que me motivou a fazer a doação. Tinha o melhor motivo do mundo para ajudar aquele jovem de alguma forma e no entanto foi o medo quem me guiou. Quantas pessoas não sentem isso? Até a atitude de ajudar foi desvirtuada na sociedade de hoje. Doa-se mais por medo do que pela SO-LI-DA-RI-E-DA-DE.
Quem souber onde se escondeu (ou esconderam) esse sentimento tão nobre, a solidariedade, me avisem, pois estou à procura dela.
Um comentário:
Eu tenho uma prova de que esses papeis são sim produzidos em escalas industriais. Depois eu posto minha experiência. Sabe o que eu sinto? Que somos todos uns falsos. Por que só reunir os amigos, fazer boas ações quando chega natal. Ano passado escrevi sobre isso. A gente tem que fazer da vida um eterno Natal...
beijo
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